Chego à sala e estão todos já instalados no sofá. Todos grudados frente ao televisor. Digo uma piada de mau gosto, uns risitos e tudo volta à normalidade de absorção televisiva. Tento distrair-me e caio em inércia, não falo em quase nada de jeito porque quase nada me absorve. Estou num estado analítico mais preocupado comigo mesmo do que com o mundo. Estou preocupado com o meu amanhã que nunca chega. Com a minha ida que me cativa para uma existência de momentos que se perdem nas tramas do tempo e da memória que absurdamente nos fluiu pelo cérebro em momentos we´re out of control.
Não vou dizer nada acerca da minha partida. Nem nota, nem carta, nem nada, sei que isso jogará a meu favor na surpresa do reencontro futuro.
Mantenho-me presente mas distante.
O jantar foi feijoada à transmontana acompanhada por vinho maduro alentejano. A Mónica bebeu sumo e o resto de nós... Pedro... Ana e Chinês atacamos o vinho. O jantar foi divertido e demorado e uma das particularidades que me degusta mais são as gatas da Ana. A yin e a yang como costumo brincar, visto uma ser siamesa e a outra preta. O reverso uma da outra. Duas posturas felinas demarcadas. Duas personalidades adversas... Uma exuberante miadeira e outra silenciosa como o tempo e... E... Ah... Como se complementam em lutas de ballets de graciosidade felina.
Já são 22h3o. Já é essa hora de se sair de casa, está-se naquela hora em que parece que a casa nos repulsa e que se precisa de tomar ares da noite. Pode não ser o caso de toda a gente, mas para mim está na hora de se tomar um café. Decidimos ir ao Canoa, sempre há jeropiga no fim do café e na noite toda a gente sente que tem autorização para ser alcoólatra.
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